quarta-feira, setembro 22, 2010

Luto... Paccelli


O sentimento de perda é imensurável.

Só posso dizer que ficam as saudades e as grandes lembranças do amigo, eterno professor, parceiro de banda, de humanismo, companheiro dos bares da vida. Ur irmão de copo e de cruz, como sempre dizia. De todo o ensinamento musical, da experiência de vida, dos ensaios sempre taxados de "muito produtivo.. muito produtivo", quanto se bebia uma garrafa de café inteira conversando, além dos benditos repertórios, sobre a vida, sobre o futuro, as angústias e a força e o conselho que sempre cada um dava quando necessário. Este blog, inclusive, nasceu da peleja dele: "Diegão, pô... tu tem entrar na blogosfera... tu tem de entrar na blogosfera... cara". Devo muito do que aprendi a esse cara. Dívida impagável, mesmo.

Um cara que dedicou a vida a cuidar dos seus entes queridos. Sua mãe, sua heroína, D. Dione, que faleu há um tempo, verdadeira espinha dorsal dele. Depois de sua tia-avó, praticamente outra mãe, que trouxe a Cajazeiras, inclusive, para passar seus últimos dias. Um exemplo que devemos guardar conosco.

Conversávamos sobre muitos projetos de vida. Tínhamos um em comum: O Arlequim Rock'n'Roll Band. A banda nasceu nos corredores da UFCG, mais precisamente no antigo trailler do seu Chico, no largão da biblioteca, colada ao setor administrativo. Muito falávamos e imaginávamos a logística da coisa. Uma característica muito pecualiar do homem era justamente a disciplina com a operacionalização do projeto. "Pense num trabalho da porra que é se divertir", dizia. Tudo devia estar nos devidos lugares pro avião decolar. E não é que vingou? Já se vão quase 5 anos de "muita doidera" (como o amigo mesmo dizia).

Reproduzo abaixo um poema a qual não conheço outra pessoa que melhor se identifique nele. É provavalmente um dos seus prediletos:


A Canção do Albatroz
(Máximo Gorki)

"Sobre a superfície cinzenta do mar,

O vento reúne

Pesadas nuvens.

Semelhante a um raio negro,

Entre as nuvens e o mar,

Paira orgulhoso o albatroz,

Mensageiro da tempestade.

E ora são as asas tocando as ondas,

Ora é uma flecha rasgando as nuvens,

Ele grita.

E as nuvens escutam a alegria

No ousado grito do pássaro.

Nesse grito - sede de tempestade!

Nesse grito - as nuvens escutam a fúria,

A chama da paixão,

A confiança na Vitória.

As gaivotas gemem diante da tempestade,

Gemem e lançam-se ao mar,

Para lá no fundo esconderem

O pavor da tempestade.

E os mergulhões também gemem.

A eles, mergulhões,

É inacessível a delícia da luta pela vida:

O barulho do trovão os amedronta...

O tolo pingüim, timidamente

Esconde seu corpo obeso entre as rochas...

Apenas o orgulhoso albatroz voa,

Ousado e livre sobre a espuma cinzenta do mar.

Tonitroa o trovão.

As ondas gemem na espuma da fúria.

E discutem com o vento.

Eis que o vento

Abraça uma porção de ondas

Com força e lança-as

Com maldade selvagem nas rochas,

Espalhando-as como a poeira,

Respingando uma noite de esmeraldas.

O albatroz paira a gritar

Como um raio negro,

Rompendo as nuvens como uma flecha,

Levantando espuma com suas asas.

Ei-lo voando rápido como um demônio;

Orgulhoso e negro demônio da tempestade;

Ri das nuvens, soluça de alegria!

Ele - sensível demônio -

Há muito vem escutando

Cansaço na fúria do trovão.

Tem certeza de que as nuvens não escondem,

Não, não escondem...

Uiva o vento... Ribomba o trovão...

Sobre o abismo do mar,

Um monte de nuvens pesadas

Brilham como centelhas.

O mar pega as flechas de relâmpagos

E as apaga em sua voragem.

Parecem cobras de fogo.

Os reflexos desses raios,

Rastejando sobre o mar e desaparecendo.

_ Tempestade!

Breve rebentará a tempestade!

Esse corajoso albatroz

Paira altivo entre os raios

E sobre o mar furiosamente urrando

Então grita o profeta da Vitória:

QUE MAIS FORTE ARREBENTE A TEMPESTADE!"

-x-

(Mossoró/RN, 01/01/1964 - Cajazeiras/PB, 21/09/2010)


O grande palco da vida ficará mais sem graça.

Do eterno amigo...

Diego Nogueira

quinta-feira, setembro 16, 2010

Rock'n'Serra, Marizópolis

Esqueça a propaganda eleitoral e procure curtir o evento, se puder, com consciência. Diversidade e densidade cultural... o país também precisa disso.



De parabéns a turma militante da cultura da região pela promoção.

E nós estaremos por lá, ajudando a fazer a festa! Arlequim Rock'n'Roll Band na área.