quinta-feira, dezembro 13, 2012

Seculorum Gonzagão


A contemporaneidade que tive com Luiz Gonzaga não se faz lembrada visto minha parca idade quando o homem estava entre nós. Fosse o ápice de sua carreira nos dias de hoje provavelmente continuaria lá não muito fã de suas convicções políticas. Foi um homem rodado que, assim como uma infinidade de nordestinos e nordestinas, tiveram que buscar possibilidades de reproduzir suas vidas noutros lugares deste Brasil tão desigual.

Porém, seu legado, para mim, pouco ou quase nada tem a ver com suas filosofias políticas. A grande mensagem que o velho Lua nos deixa é cantar nossa região, socializá-la com lugares e pessoas tão fechadas, as agruras vividas e sofridas pelo povo nordestino, sobretudo na região semiárida tão massacrada não pela seca (ver post anterior) mas, como diz o Gilberto Álvares, "pelo domínio espúrio de párias". Daí incorre minhas desavenças com nosso mito popular. Normal. Até compreendo sua situação. Não era diferente da opinião dos 90% da população tupiniquim e quase que a totalidade dos que aqui vivem, no Norrrdeste. Talvez o fato de ser um mito faz do cara algo que na essência não seja, vai saber... ainda mais quando o tradicional conflito de gerações na família estabelece um Gonzaguinha do lado oposto.

Mas ainda não é daí que enfoco a figura de Luiz Gonzaga. Pelo contrário, é pela maneira poética, artística, simples, honesta, NORDESTINA, que nosso amigo cantou nossa cultura, nossas tradições, nossas lendas, nossos mitos, nossos "causos", nosso jeito de falar. Impossível não se emocionar (ainda mais nesses tempos de pouca chuva) com "já faz três noites que pro norte relampeia"... Ou, ainda, "tudo em vorta é só beleza, sol de abril e a mata em flor"... o que falar, então, de "Asa Branca" ou a beleza do "Luar do Sertão"??? Como nem tudo são "frô", cantou o martírio do povo sofrido, os que partiram para o sul e os que ficaram. Cantou para os quatro cantos do país a vida cotidiana de grande parcela de nossa população, as maravilhas e o oposto.

Além disso, perspicaz ao cotidiano como era, o velho Lua percebeu o florescimento de uma nova cultura, emergente das contradições e distorções sociais. Era outra parcela de nossa população que se fazia cada vez mais presente, no Nordeste inclusive. "Cabra do cabelo grande / cinturinha de pilão / (...) cabeludo tem vez não". Era a transformação  da juventude no mundo, contestadora por excelência, embalada pelas diversas formas do Rock'n'Roll. Por essas e outras que, à sua maneira, o velho Lua é sem dúvida uns dos grandes poetas de nosso povo. Mais que isso... UMA majestade, o REI DO BAIÃO!

Um brinde ao centenário do Gonzagão, músico POPULAR brasileiro de VERDADE!

Playlist só da boa:



sexta-feira, dezembro 07, 2012

Seca... um desabafo de saco cheio


Todo ano é a mesma ladainha. Políticos, imprensa, sociedade, os tais clubes de serviço (?), todo mundo se lamentando pela situação de estiagem sofrida pela população que vive em nosso belo semiárido, o mais populoso do mundo. 

Engraçado que todo aquele pessoal de cima (clubes de serviço - ? -, etc) só lembra da população que realmente sofre com a seca agora e "esquecem" (ainda sou um otimista) que essa situação pouco ou nada tem a ver com a seca. Talvez pouco por conta da pouca chuva, óbvio. Mas a questão incrivelmente não é essa, nunca foi.

O problema é a FORMA, a MANEIRA como se adota as políticas voltadas ao/do semiárido. Quase tudo é planejado para encher os bolsos de meia-dúzia de empresários (potenciais investidores de campanhas eleitorais) em detrimento do interesse comum. Como é que diabos uma região que tem um açude que se vê a olho nu da lua, que é o Castanhão, afora os outros mais de 80 mil açudes do Nordeste não segurariam a onda da seca? No caso de quem mora no campo, tem-se uma porrada de experiências exitosas de CONVIVÊNCIA com o meio, de cisternas (que é o que está salvando o pessoal do campo), barragens subterrâneas, a banco comunitário de sementes.

Água tem, mas está concentrada para o deleite de alguns, ou seja, terreno fértil (trocadilho infame) para se dizer por aí que vamos morrer sem água e a culpa é do processo pluviométrico irregular.

"A intervenção governamental no Semi-árido brasileiro, em grande parte, tem sido orientada por três dimensões que se combinam no combate à seca e aos seus efeitos: a finalidade da exploração econômica; a visão fragmentada e tecnicista da realidade local; e o proveito político dos dois elementos anteriores em benefício das elites políticas e econômicas regionais."

Esse é o motivo digamos "mais forte". No dia que enxergarmos o semiárido como um balaio de limites e potencialidades,  resolveremos o problema dos efeitos da seca, visto que deuses não somos para acabá-la.

Colocar a culpa desse padecimento em um fenômeno natural (visto que deserto não somos) se trata de um atentado a qualquer mente que faz da utilização do cérebro um exercício cotidiano...

segunda-feira, outubro 29, 2012

Uma noite especial

A ansiedade tomava conta. Pudera, não era um dia (e noite) qualquer. Tentando não se afobar para não estragar a apresentação, encarávamos como mais um show de tantos que já rolaram ao longo dos 6 anos de highway. Mas, com certeza, não era um dia (e noite) qualquer. Um encontro que demorou 6 anos pra rolar. Sempre imaginamos que quando em algum dia isso acontecesse seríamos os novatos da parada. Dividir palco com o Apocalipse (em respeito aos velhos tempos, recuso-me a chamar de CONSPIRAÇÃO APOCALIPSE) era um sonho próximo, mas de distante efetivação visto que os caras tavam parados desde 2005, antes do Arlequim existir. A imaginação me tomava de assalto e fazia-me pensar em diversas conjecturas, de como seria isso. Talvez a que nunca me passava era a de que Paccelli não estaria presente (fisicamente, pelo menos). Restou-me saber que se um isso ocorresse a coisa não seria do jeito que deveria ser. Paccelli é essência nesse processo todo.

Pois bem, os anos se passaram, essas ideias não mais me assaltavam. As impossiblidades enfraquecem algumas vontades. Eis que há pouco mais de um mês o Naldinho Braga nos convidara para uma apresentação no NEC, junto a uma banda que divide o set de ensaios conosco, o Cofe of Life. De imediata aceitação, nunca que imaginaria o que estaria por vir. Pois não é que alguns dias depois o dito Naldinho confirma que o APOCALIPSE VOLTARIA AOS PALCOS PARA A DITA NOITE NO NEC. Por um momento não acreditei, incréu que sou. Passados uns dias vi que a coisa tava tomando forma. Todos se animaram, óbvio. No Arlequim, a gente começou a trabalhar a mente, evitando o que disse acima. Geverson e eu dizíamos que era um ensaio (heresia), que ficássemos relax. Conversando com integrantes do Core, empolgação total deles. Repertório ensaiado, apresentações anteriores executadas a contento, tranquilo. Tava montado e nada de inventar qualquer coisa que pudesse comprometer. Vontade não faltava, pois a noite era espacial, mais que as outras, poderia estar incrementada com adereços musicais afins.



Sobre o que falava acima, daquela ideia de banda mais nova que acompanharia os dinossauros do Apocalipse, mais uma surpresa e constatação de um fato novo. JÁ TEMOS ESTRADA PRA DIZER QUE SOMOS PUTAS VELHAS. Pois é, o vigor do Core of Life e da galera que acompanha seus shows já haviam me mostrado isso. Mas com o caráter da divulgação, a coisa se tornou bastante latente pra mim. Isso é bom. A cena rocker tá se renovando, novos atores e novas atrizes vão surgindo, engrandecendo o movimento. A pretensão da exclusividade passa longe de nossa trupe.

O sentimento juvenil da admiração e do respeito perante os senhores que vi tocar se manifestou fortemente. Os caras do Apocalipse tavam com a bola toda, viris como nos velhos tempos. Pular ao som do Apocal foi uma necessária volta ao tempo, com os pés no presente. Enxergar que essas canções, que me são muito caras por estarem impregnadas em minha construção pessoal, estão a cada dia mais pertinentes, me dá forças pra também seguir em frente com esse tal de Rock'n'Roll, parafraseando a Rita Lee. Foi uma ótima sensação estranha.

Os 3 shows foram do caralho. Não existe expressão melhor pra defini-la. Foi foda! O show do Core of Life foi pra se lascar. Não me surpreendi, pois os caras mandam bem. O repertório, bem executado, é matador. Só clássicos do Hard Rock / Heavy Metal. Foda pra caralho.

Evitando advogar em causa própria, atrevo-me a dizer que gostei de nossa apresentação. O público nos recepcionou muito bem, pularam e se divertiram. As mensagens em algumas canções foram transmitidas com a energia que mereciam, fazendo lembrar que, a despeito da diversão, o mundo continua uma merda. Essa é a proposta do Arlequim e continuará sendo no que depender dos caras que sustentam essa "diversão trabalhosa".

Pois é, foi uma noite e tanto. Nostálgica, atual e bastante pertinente. Como dissemos no Arlequim, "história e presente se juntaram pra brindar"...



quarta-feira, outubro 03, 2012

A solidão e a cidade

Escrever sobre minha estadia pelas bandas de Filipeia de Nossa Senhora das Neves  era algo que relutava a fazer. Nos últimos 13 meses de existência material dedico semanas (precisamente os tais "dias úteis" - expressão encachoeirada de contradições) à capital de nosso Estado. Aqui vim trabalhar (outro conceito escroto esse, o de "trabalho"). Não vou me ater ao trabalho e seu desenrolar. Por hora, registro que gosto. Uma instituição pública, centenária, que durante sua trajetória voltou-se a formação de  técnicos e tecnólogos  produção industrial, que, ao longo das décadas foi ganhando conceitos pedagógicos antenados com o contexto histórico de seu tempo, e que atualmente ganha outra prerrogativa, a da formação acadêmica ampla (ensino, pesquisa e extensão indissociáveis), diversificando suas áreas de conhecimento e modalidades, sem abandonar, contudo, sua função pioneira. É um desafio e tanto, sobretudo no contexto da "coisa pública".

Porém, não é disso que quero discorrer. Falo de minhas "estadia e percepção" da capital, da cidade grande, da "violência da noite, do movimento do tráfego", e da relação dialética entre a cidade (e suas pessoas) comigo. Logo eu, filho único que viveu sua infância em cidade grande, estupidamente grande, em São Paulo, com seus muros e grades. Que depois virou a moeda para o lado provinciano de Cajazeiras... Volto ao eixo e ao modus vivendi dos semáforos, engarrafamentos e enlatados em conserva. Curiosidades da vida. Se é o tal destino, o karma (e DNA), o "plano de Deus para mim", confesso que não sei e muito menos preocupado com isso estou.


[Vez por outra, ao meter o bedelho nos assuntos do cotidiano, adentro assuntos de ampla dominação e sistematização da Psicologia. Como sou um frequentador de tabernas, olho o mundo a partir delas. Isento-me das distorções conceituais, visto que não sou da área e não pretendo ser. Encaminhem suas dúvidas a quem o  é. Conheço dois. Minha inconformada formação em História me dá subsídios para rabiscar sobre algo que incomoda, só isso. Portanto, nada de conferir uma importância desproporcional ao que aqui se posta.]


Um dos motivos de minha estranheza perante a zona urbana por excelência pode ter sido o fato de ter vivido totalmente o intervalo entre São Paulo e João Pessoa em Cajazeiras. Foi justamente o período mais louco da vida do sujeito, a adolescência  São 14 anos de plenitude na Terra do tal Padre. Trabalhei em Sousa durante 3 anos, voando pra casa ao final da labuta diária. Sousa possui um contexto similar ao de Cajazeiras, provinciano cosmopolita. Uma urbe do Sertão é caracterizada pela convivência não harmoniosa de valores, códigos de conduta e ética. Mesmo não convivendo tão pacificamente assim, percebo uma antropofagia entre o velho e o novo nas pessoas forjadas neste meio. Tipo um Seu Lunga que frequenta o teatro, que escuta Bob Dylan, que lê ficção científica e que (infelizmente) exagera no compartilhamento de frases de efeito no Facebook. Diante das distorções históricas do século Xis-Xis e do Rock'n'Roll, todos nós, da província à metrópole, ao menor contato com a contracultura, adquirimos novos sabores (alguns dissabores) e filosofias de vida. É o novo que não anda tão novo assim. Esta abertura universal também trouxe um outro novo (que parece o Benjamim Button, fica cada dia mais novo): o consumismo, o individualismo e a indiferença. E é nesse ponto, essencialmente urbano, tipo um super-urbano, que mais me repulsa pelas bandas da cidade grande. Os "cada um por si e Deus CONTRA todos" (carinhosamente chamado de "cada um por si e Deus POR todos") me soam muito mais estranhos que ver uma roda de pessoas ouvindo Nirvana ou Charles Aznavour em um celular numa pequena cidade "na pinga da meio-dia".

Na grande cidade tudo é privado. As ruas lotadas de veículos (nas auto-pistas nem calçadas existem). As pessoas preferem os espaços privatizados dos Shoppings Centers ou de seus apartamentos do que um papo de boteco. O espaço não-privatizado que o Humberto Gessinger pergunta em "Segunda-feira Blues" ainda respira em nosso interiorzão.

Não quero dizer com isso que "bora simbora morar na rua" ou exageros inerentes de um romantismo que às vezes me soa tão estranho quanto alguém que está ouvindo Nirvana ou Charles Aznavour no celular numa pequena cidade me olha com olhar indiferente quando peço para tocar Roberto Muller ou Reginaldo Rossi. Cultivo intensamente o lance da rede, acompanhada de um livro, um filme e/ou uma cerveja solitária no covil. Meu momento individual é sagrado ao ponto de comprar briga feia para garanti-lo. Porém, não o cultivo ao ponto de criar fungos entre as nádegas e a rede.

Talvez seja normal encarar a cidade grande nessa perspectiva. Não quero dizer que ela é ruim por conta disso. Não, não. Ela lhe dá uma porrada de possibilidades que a pequena urbe não permite. Faz parte. A Terra do Rio Sanhauá sempre foi um diferencial de cidade grande para mim. Talvez por não ser tão grande quanto Sampaulo ou Hellcife. O bairro que resido por aqui possui diversas semelhanças com uma cidade pequena. É uma cidade dentro de João Pessoa não só pela quantidade de habitantes, mas pela áurea, pelo espectro, da praça grandona e dos botecos do bairro com seu público tradicional. Talvez as "pequenas" cidades como Cajazeiras e Sousa sejam uma espécie de bairros que, a partir do """"""desenvolvimento"""""" da humanidade tornar-se-ão grandes cidades, com seus consumismos, individualismos e indiferenças.

Por último e fundamental, toda a minha vida está pelas bandas do sertão. Quase todas as minhas amizades daqui foram construídas lá, com as características de lá. As que vou fazendo por aqui baseiam-se na mesma premissa. São amizades forjadas na ideologia "Copo e Cruz", distante dos Shoppings Centers.

domingo, agosto 12, 2012

Dia dos Pais... 2012


Contemporizo fragmento do post feito para o Dia dos Pais em 2010. Clique aqui para ir ao mesmo.

(...)

Morávamos em Mauá-SP e o convívio de crianças com a rua (ainda característico nos sertões) era praticamente zero. O universo se dava na escola ou em casa. Lembro-me, como se fosse agora à pouco, das tardes de videogame Atari. O velho facilitava minha vitória nos duelos. Dominó, baralho, damas, banco imobiliário, cassino, pipa, peão, bola de gude... são tantas as lembranças.

Dono de um fino gosto musical, Seu Zequinha representa o mais nobre imaginário e cultura de nossa gente. Conheci o mundo do samba (verdadeiro, honesto - não aquela porcaria de pagode de plástico) por sua influência, de onde guardo lembranças da fita k7 rolando no deck do rádio gravador que até hoje mantemos em plena atividade, em casa. Era de Demônios da Garoa pra lá. Momentos que me são muito caros.

Eternas saudades do meu herói...

O velho adorava isso aqui:


segunda-feira, agosto 06, 2012

Morreu Celso Blues Boy

Dono de uma voz rouca, alusiva aos grandes "cantadores" de blues (os bluesmans), e herdeiro das pentatônicas na guitarra vindas desses mesmos caras, Celso Blues Boy nos deixa órfãos/ãs musicalmente. Durante muito tempo estou a ouvir seu disco último, intitulado "Por um Monte de Cerveja". Depois de muitos anos voltava ao estúdio com canções inéditas (que, inclusive, contou com o Detonautas como banda de apoio). Era a volta de quem não foi, de quem não se rendeu, do sangue que pulsava sensações cortantes de extrema emotividade, que, para mim, é característica única e essencial do Blues. Paccelli dizia que Celso era o Stevie Ray Vaughan brasileiro, e nunca duvidei disso. Feeling é prerrogativa daqueles que exalam sentimento pelos poros, sem sentimentaloides baratos, enganadores e bajuladores de plantão. 

É figura carimbada nas "reuniões" do Arlequim. Em minha solidão canina de João Pessoa também. Fico triste por saber que não teremos mais discos novos do cara. Com certeza os próximos seriam tão bons, tão blues. Que sua obra se eternize e influencie gerações vindouras.





sexta-feira, junho 01, 2012

O Ébrio...


Digo há tempos que não existe nada mais belo que nós mesmos. Nossa história pensada como única, indissociável de fatos e acontecimentos. Nossas "glórias" e "fracassos". Quando o enredo de nossa vida ou a de alguém (que se confunde em vários aspectos com a nossa) é cantado, encenado, pintado ou o que mais possa ser realizado artisticamente, aflora em mim emoções por vezes incontidas. 

Belchior disse que "não estou interessado em nenhuma teoria (...) / nessas coisas do oriente / romances astrais (...) / minha alucinação é suportar o dia a dia / meu delírio é a experiência com coisas reais (...) / amar e mudar as coisas..." Porra! É justamente disso que falo. Em que pese meu interesse por elfos, duendes e fadas, nada como um cotidiano de uma pessoa comum para instigar-me. Fazendo uma pergunta simples, com o critério da resposta rápida, na lata, sobre quais as minhas canções diletas, digo logo umas antigas e atuais que se fazem presentes em meu repertório particular, que escuto em meio a solidão canil. Coisas como Comfortably Numb, A Balada do Perdedor, Down em Mim, Construção, De passo em Passo, Mr. Tambourine Man, Boate Azul, O Rei do Baralho, Coração de Luto, tantos rocks, blues, boleros, sambas, modas... TODAS RETRATAM O COTIDIANO, A VIDA, SEUS SABORES E DISSABORES, O DESENROLAR DA EXISTÊNCIA ENQUANTO SER HUMANO, POIS. Aí está a beleza (ou a tristeza que acaba virando beleza em acordes e lamúrios cantarolados). É aí que encontro minha mística. O devir de casa, da rua, do boteco, do trabalho, e o mar de contradições envolvidas. A highway da vida e suas curvas...

Sabe quando se canta a tristeza estando em êxtase??? Feliz no amor conjugal (ou "namoral" ou "fical"), com os amigos, seu time ganhando campeonato, qualquer coisa???. Mesmo assim o indivíduo incorpora o sentimento ou mesmo cria tal sensação diante de fatos passados ou presentes (que não se enxerga no estado de saciedade). Pronto... deve ser isso mesmo. Diante de um monte de coisa que escutei durante tanto tempo, algumas poucas chegaram nesse estágio de forma sublime. Abaixo, uma que acabo de me ater intensamente:



O ÉBRIO
Vicente Celestino

Recitativo - Falado: Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita... E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio...

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou.
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer.
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou...
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo.
Cada colega de infortúnio é um grande amigo,
Que embora tenham, como eu, seus sofrimentos,
Me aconselham e aliviam o meu tormento.
Já fui feliz e recebido com nobreza. Até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé,
E nos parentes... confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então:
O falso lar que amava e que a chorar deixei.
Cada parente, cada amigo, era um ladrão;
Me abandonaram e roubaram o que amei.
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar:
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição.
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração.
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo.

quarta-feira, maio 23, 2012

A necessidade de voar ou mergulhar

A penumbra da madruga reluz em um som perspectivo, harmonioso e confortável. Poucos promovem tal equilíbrio quanto o Yes...

sexta-feira, abril 20, 2012

Idas e vindas... momento ida...

O poema, embalado por um som mais que agradável, fala por si.



Enquanto Eu Puder Ver a Luz
(Long As I Can See The Light)
composição: John Fogerty


Coloque uma vela na janela
Pois eu sinto que devo ir
Apesar de estar indo embora
Eu voltarei logo para casa
Enquanto eu puder ver a luz
Arrume minha mochila e vamos andando
Pois estou destinado a vagar por um tempo
Quando eu tiver partido, você não terá que se preocupar por muito tempo
Enquanto eu puder ver a luz

Acho que tenho aquele velho espírito aventureiro
Pois este sentimento não me deixa em paz
Mas eu não vou perder meu caminho, não
Enquanto eu puder ver a luz

Sim! Sim! Sim! Oh, sim!

Coloque uma vela na janela
Pois eu sinto que devo ir
Apesar de estar indo embora
Eu voltarei logo para casa

Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz
Enquanto eu puder ver a luz

quarta-feira, abril 18, 2012

Dois países num só

Daquelas coisas que se aplaude de pé. Nada relacionado ao acaso da separação ideológica. Por vezes - e muitas vezes - a arte cerra tal fileira. O resultado? A beleza exposta. Só isso. Ideologia? Carrego a minha comigo, claro, como não?! Contudo , se revela interessante a junção de dois mundos musicais (e seus respectivos públicos). Favorece-nos o debate acerca da mesma gleba onde estamos metidos.

O astuto traz à tona a história do mainstraim. Concordo. Pero, o objetivo do post é simbolizar algo maior, são suas diferentes construções poéticas, e o reflexo delas em seus respectivos públicos. Principalmente sobre uma questão historicamente implantada na opinião dita cult sobre as canções de "cunho popular", mais ligadas ao Roberto. Gostei.

terça-feira, abril 03, 2012

Too Numb

Tinha de deixar passar uns dias. Mesmo a preciosidade da emoção imediata, das impressões calorosas, pensei não ser aquele o melhor momento de escrever.

Passar para o papel aquilo que se sente com intensidade é tarefa das mais inglórias, para não dizer impossível. Qualquer coisa que digo e com certeza direi sobre o presenciado na noite do dia 29/03 não será sequer a sombra do que ocorreu, de fato, no Engenhão, Rio de Janeiro. Sabe suas idéias postas num palco com imagem, som e movimento? Quando essa tríade é feita sob enredo, direção artística, produção e alta tecnologia projetada numa tela de dezenas de metros quadrados? Quando tudo isso está a serviço de uma causa ou um amontoado delas?

Isso é The Wall. Uma história com mais de 30 anos de gênese. A monstruosidade do espetáculo é diretamente proporcional a(s) mensagem(ns) carregadas consigo. O humano é posto a prova durante mais de 2 horas. Uma constante paulada em nosso ego e no que fomos/somos capazes de fazer e não fazer. Meus olhos nunca estiveram diante de algo tão intenso de significado quanto nesta noite. Seu nicho, seu trabalho pensado em forma de ação, atitude. Seus problemas internos, sua susceptibilidade ao sofrimento. A capacidade que isto te dá de isolar-se e desistir do mundo, das pessoas, das idéias... Um olhar da vida enquanto trajetória pensada, montada e guiada por um conjunto de rótulos e valores.

Em algumas ocasiões fui abordado por me sacrificar tanto para estar num show, vendo um cara tocar. É muita idolatria a uma pessoa. Não. Não. Não. Não é a pessoa, o rock, o superego de ir. Nada disso. Fui lá renovar minhas "insanidades", meu senso crítico de não continuar me curvando a isto ou aquilo que nos é posto conforme a conveniência de alguns. Fui perceber que não é motivo de vergonha "tremer de indignação perante as injustiças do mundo" (Che). Que não se deve calar perante a barbárie e a total falta de limites de consumo deste mundo doente na carne. Fui "sujar" o para-brisa para depois limpá-lo. Enfim, não é o show ou o espetáculo. FUI AO MEU PRÓPRIO ENCONTRO. O quão dolorosamente confortante foi me enxergar ali. O silêncio e as caras da multidão saindo depois do show entrega tal perspectiva. Já depois de sair do estádio, do trem, na estação do metrô, Comfortably Numb ecoava em som ambiente, levantando coro, emocionando a todos e todas. Foi a arrepiada final.

O The Wall traz minha própria história. Ajudou-me muito em minha postura nessa sociedade (há séculos fadada ao fracasso), quando o descobri há mais de 10 anos. De lá pra cá passei por suas 4 fases, digamos assim. Ouvi o disco, assisti o filme e o show Live in Berlim. Finalmente, assisti o show presencialmente. Mesmo colaborando com minha formação, nada das outras fases se compara com o que tive defronte os olhos naquela noite. Pessoas e lugares navegaram pela memória. Via-me na primeira vez que montamos Comfortably Numb no Arlequim pelos idos de 2006, a cara de felicidade do Paccelli solando na praça do Rock. As longuíssimas conversas que tivemos sobre o espetáculo como um todo. A louca idéia (não esquecida) de montar uma versão bem brasileira para o The Wall. Os planos de ver este mesmo show em Lisboa, quando do lançamento da turnê. Meses depois Paccelli nos deixaria. Com certeza também fui por ele, foi para ele. O velho estava lá conosco, junto a outros/as tantos/as pessoas caras que compartilham de similares sensações.

Termino com o que disse para Laurita Dias, tão "bulida" quanto eu ao final do show: PSICANÁLISE TOTAL...

Obrigado, Waters. Seu muro foi um espelho. Vida e morte refletidas, olhos encharcados, soluços afins...


































Créditos das fotos: Lays Tamara e Laurita Dias

terça-feira, março 27, 2012

Waters e o muro... ao alcance das mãos e dos olhos!

Taí um casamento perfeito entre arte e história. Todo o trabalho do Roger Waters mostra e deixa claro que a arte também pode ser bela quando se inclui temáticas sócio-políticas que contribuem com a reflexão da caminhada humana. Como sou um louco varrido por história, sobretudo a contemporânea, enlouqueço ao ver esse elo, ainda mais com a etiqueta floydiana na concepção.

The Wall narra a trajetória do órfão (de pai - morto na Segunda Guerra Mundial) Pink, superprotegido pela mãe, é pré-moldado a "verme", junto a sua geração, na escola (pode-se retirar as aspas), que com o passar dos anos torna-se o Sr. Floyd, uma estrela do rock que vê seu precoce casamento desmoronar.   A vida consumista carente de significância e significado mostra claramente e referenda o caos da humanidade. Seus traumas (postos a prova durante todo o enredo) se constituem em literais pedras que juntadas formam sua bolha individual, seu muro, ao ponto do mesmo desistir do mundo, isolando-se/isolado, com um novamente literal "adeus, mundo cruel". O muro chega ao ápice (intransponível em Hey You). O sentimento sofrido enxerta sua mente CONFORTAVELMENTE ENTORPECIDA. Sua ingenuidade, transformada em arrogância, o torna um fascista sanguinário líder de uma filosofia fascista/facínora. O sofrimento muta-se em terror. Diante de um diálogo incessante entre todas as suas etapas de vida Pink torna-se um reú, onde todas as personificações repressoras de sua trajetória atuam enquanto promotores e os culpam veementemente pelo ser a qual se tornou. Por fim, um fio de esperança se estabelece com a queda do muro e o florescimento estampado em um moleque brincando com as cinzas da destruição bélica.

Algo a ver com a realidade?




Detalhe: isso é a materialização de um disco conceitual, transformado em show, que virou filme. 

domingo, março 04, 2012

UMA história do Rock Brasileiro

Boys and Girls! Mais um achado das pesquisadas pelo vasto elenco de conteúdo que a NET nos apresenta. Não é costumeiro vermos a trajetória do Rock brasileiro de forma sistematizada, em vídeo. Não mesmo. Conheço duas "histórias do rock". Uma me foi apresentada pela Laurita Dias há um bom tempo. A outra tenho comigo também há um tempo. Trata-se de uma produção da BBC, intitulada "As Sete Eras do Rock". Pra quem gosta de história e, sobretudo, pra quem é amante do Rock'n'Roll são literaturas indispensáveis. No meu caso que navego nos dois vieses tornam-se obrigação vital.

Ambos tratam do Rock'n'Roll internacional, notoriamente a cena musical dos EUA e da Inglaterra. Justo. São produções daqueles países. Razões históricas referendam tal recorte geográfico. Essa galera forneceu o combustível para o desenvolvimento da cultura rocker. POR RAZÕES HISTÓRICAS tornaram o Rock'n'Roll universal, ao lado do jazz e da música clássica. Porém estamos falando de algo que surgiu (ou pelo menos internacionalizou-se) nos anos 50. E os formatos tradicionais? E o folk de cada localidade do mundo? Pois bem, nasce a beleza do diálogo de culturas. Tal diálogo transcende razões econômicas, ideológicas e tal (mesmo que por vezes sejam utilizadas a serviços dessas razões).

O texto não seguiu conforme pensava, mas tem a ver. Voltando à trajetória do Rock, da música pop, da indústria fonográfica; trago aqui no blog um achado no YouTube. Trata-se da História do Rock Brasileiro, que, de acordo com as imagens, fora produzido pela Sesc TV. Vale demais à pena conferir pelo testemunho dos atores e atrizes dos acontecimentos, assim como minha mãe, meu pai, sua mãe, seu pai, tio, avô e por aí vai. Lembra o "História do Rock'n'Roll" do qual falei no início do post? Generalizações ocorrem aos montes. Quem conhece alguma fase, ou década, ou cena, pode sentir falta deste ou daquele artista ou grupo. Compreendendo isto, temos um fonte histórica de conhecimento da realidade. Outra coisa. VALE MUITO PELA PERCEPÇÃO DE QUE AS TENDÊNCIAS MUSICAIS, COMO TUDO NA VIDA, PARTICIPAM DE UM PROCESSO. PORTANTO, NADA É TÃO NOVO QUANTO POSSA PARECER. Claro, TUDO PODE SER ORIGINAL À SUA MANEIRA.

O documentário em epígrafe apresenta o desenrolar do Rock brasileiro ao longo das décadas de 50 aos 90's e 2000's. Vamos aqui desde Cely Campelo aos Los Hermanos. Pela antiguidade da produção, fomos poupados da cena puramente mercadológica dos últimos 5 anos. Porém, perdemos várias cenas independentes que rolam atualmente a pleno vapor. Mesmo assim, somos apresentados à Revolução das comunicações cujo resultados percebemos com força nos dias correntes. Passamos do Rockabilly brasileiro, Jovem Guarda, ao progressivo, ao punk, ao BRock, ao Hip Hop, ao indy. Tudo com o vasto tempero regional brasileiro (detalhe para o manguebeat). Nos últimos dois vídeos, uma homenagem ao Roberto Carlos. Pela audácia da sistematização, gostei muito. Pelo gosto por tudo o que foi apresentado, C-A-R-A-L-E-O!

Um adendo: Muita coisa acontece À DERIVA da cena de massa. Mas o "Eixo" delineia formas, não há como negar.

Créditos ao tal do kalextavares pela disponibilização do material. Os links foram encontrados no YouTube.

Pipocas, cervejas, bistecas, cachaças e valha-me Deus:

sábado, março 03, 2012

Regueiros Guerreiros

Uma prova de que a cultura de ampla absorção pode ser engajada e realista. Sem contar a magnífica experiência pessoal dos caras da Tribo de Jah. Reconheço que demorei demais em listar aqui no Visão Noturna...



quarta-feira, fevereiro 22, 2012

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Juntando os trapos... é Carnaval!

Carnaval! Pois é... rola por aí um monte de questionamento. Comemorar o quê? A despeito das desgraças do cotidiano, não negarei-me o direito à alegria. Tem muita merda rolando por aí, com certeza. Muita podridão com o plano de fundo do carnaval. Passo o ano pondo dedos nessas feridas. Reservo-me quatro dias de descanso... Justo e de direito. Porém, nem tudo são flores.

Esse ano meu carnaval vai ser um tanto diferente do que fora nos últimos cinco (anos). No corrente, NADA DE TOCAR. O Arlequim foi concebido num momento pré-folia, pelos idos de janeiro de 2006. Nasceu do desejo de se apresentar num ambiente clássico da festa de momo de Cajazeiras, a PRAÇA DO ROCK. O desejo de partir mundo afora sempre existiu, mas como a prudência faz parte do planejamento da banda, o primeiro passo tinha de ser a praça. Não é a estrutura, que deixa DEMAIS A DESEJAR, sempre deixou. O embalo é a magia de uma Woodstock da caatinga, um refúgio de consciências alteradas da sociedade. Durante todos os anos de Praça (e já se vão para mais de 10 edições), não só admiradores e militantes do movimento frequentam o espaço, mas toda e qualquer pessoa sedenta de um "retiro" diferente dos padrões de "retiro". Nada de mãozinha pra cima e, de forma carismática, cantar a esperança da vida pós-partida, passagem, caminhada, fim, juízo final ou qualquer alcunha que se caracterize como morte. Nada contra quem vá, pelo contrário. Pero, vou de boa música, atitude, festa e celebração. Exageros existem aos montes, mas o que cargas d'águas seria o carnaval sem excessos? Epa! Não falo de excessos de barrar a vida, mas de extravasos pessoais de soltar angústias presas ao longo de cada jornada que se inicia, fazendo alusão à idéia de que o ano "estréia" após a tal 'festa do povo'. Pena que comigo isso deixou de ser verdade há muito tempo... Mas não vem ao caso.

Tudo isso pra dizer da magia que é o carnaval e a Praça do Rock para este que vos fala. Em 6 anos de banda passei por estruturas de evento 10 vezes melhor que a Praça. Mas, não é disso que falo. A referência que tenho em banda sempre foi a Praça, não desmerecendo qualquer outro evento, de suma importância em seu contexto. Sabe a pessoa que sai de casa, em pleno Alto Sertão Paraibano, dizendo "hoje vou extravasar na praça do rock, e olhe que é só o começo, hoje ainda é sábado"??? Pois é, é disso que falo. E essa é a ótica do folião. Pra quem toca (mesmo horrivelmente como eu) isso é ainda mais significativo. Juntar equipamento, polir o baixo, trocar a bateria de 9 volts da captação ativa, rever letras, a ansiedade, reuniões, ensaios preparatórios, o(s) velho(s) gole(s) de bebida antes de subir ao palco, os amigos e as amigas presentes prestigiando e interagindo conosco. É disso que sentirei falta esse ano, já sinto há alguns dias.

Não iremos nos apresentar. Imprevistos rolaram para tanto. Amanhã embarco no navio pra Cajá City com uns 30 quilos a menos. 30 quilos a menos de alegria por não tocar. Mas como o carnaval não pára (jamais deveria), não encostarei as nádegas na rede. Rose, meu amor, amigos/as, chego já. Vamos pra folia...


PS - Na medida do possível apareço pela Praça pra prestigiar as bandas... Praça do Frevo também. E o cafuçu, claro. Vai ser legal. Necessito...

Alegria, tristeza, alegria, tristeza... uma parada dialética...


quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Calcinhas a meio mastro... Morreu Wando

Corriqueiramente utilizo uma frase do Wando pra expôr que a luta de resistência ao período militar NÃO FOI algo que envolveu toda a sociedade tupiniquim. Não mesmo. E não é pura e simplesmente um compromisso ou aliança com os militares. Não mesmo. A sociedade não era divida em dois segmentos, em direita ou esquerda. O povão estava cagando e andando, nada diferente dos dias atuais. Se você pensa que tem o mote para descascar a jurema em cima dele - do povão, escuta (risos) o que o Wando disse, algo do tipo:

"Quando vi aquela passeata dos Cem Mil contra a ditadura, imaginei ser uma procissão para algum santo. Trabalhava 16 horas como caixeiro feirante. Passaram na nossa frente."

Pois é, quem disse que o Wando não pode deixar um conceito sociológico?!

Minha singela homenagem a um dos grandes cantores/compositores da música POPULAR brasileira, falecido há pouco.



sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Pré-devaneio e blues...


(Se você não acionou o play, por favor o faça!)

Som que não suga a alma. Pelo contrário, a desnuda. Se tem algo que move o vetor interior-exterior esse algo é o BLUES. Na solidão das noites sem graça, sem o convívio do amor em suas mais diversas nuances, o blues acalanta a dor. Mesmo aqueles que se furtam do convívio social por pura opção (fenômeno que me foi apresentado há um tempo não ido), utilizam-se dele - do blues - para trazer seu mais profundo "eu" à companhia. Mergulhar em suas águas apresenta-nos o "eu" que, às vezes não conhecemos, às vezes mentimos que não.

O blues tradicional provoca isso talvez pela situação de negação ao todo exterior, característica de seu nicho social, seja nas fazendas de gado do Delta do Mississípi, ou na posterior Chicago suburbana, ambas situações de miséria material e histórica. Eram os "States" no início do século "xis-xis". Nada de mudança substancial. Os dias de hoje preconizam um seculorum, posto que situações psicossociais são agravadas com a radicalização do monstro sisti. Tudo isso é motivo de sobra ao baile da dor. Pero, não quero me ater ao vetor oposto, do exterior-interior. Isso vai num próximo post, dos walls que a vida nos impõe.

Tal apresentação de velhos amigos que o blues proporciona, do ser versão atual com seu interior é inspiradora. Por vezes perigosa, mas inspiradora. O bate-papo nem sempre é descontraído. Olhos são umedecidos a depender dos devaneios. As descobertas e suas reações podem não ser das mais auspiciosas. Gestos tresloucados até que pintam, uns suaves, outros nem tanto. É um momento necessário de hibernação, pelo menos pra mim. Pode parecer sinal de fraqueza ou coisa afim. Mesmo assim saio fortalecido d'alma. Me conhecer por dentro é pressuposto indispensável pra conhecer e agir lá fora. Os acordes e pentatônicas melodiosas, a repetição do quadrado no braço da guitarra (pode ser do violão, no problem), o feeling do bluesman, sua emoção posta à mesa... O conjunto disso é trilha sonora do diálogo anunciado. Melhor à caráter não poderia ser.

Estabelecendo a clara diferença entre loucura e "porra-louquice", um pouco daquela - da loucura - não faz mal a ninguém. E viva ao blues!

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Victor "Lennon" Jara

Acabo de achar no YouTube (enquanto a merda da indústria não fode com tudo). Uma das maiores sacadas que vi. De fato, o sonho ainda não acabou... Por vezes - na maioria - o que se esgota é a capacidade de sonhar, de crer em suas utopias. Nas palavras de Gilberto Álvares, "porque ainda não abri mão do sonho". Concordo em gênero, número e grau. Julgo necessário a apropriação dos "enlatados" produzidos por esse biltre sistema (favor não vir com gracinhas soviéticas), que sirvam pra alguma coisa e seguirmos em frente com a vida, orientando lares e mundo. Precisamos de anonymous o tempo inteiro.

O vídeo une Victor Jara e John Lennon. Duas figuras, cada um ao seu estilo e modus vivendi/operandi, que enobrecem e sensibilizam às causas perdidas pelo desgaste do tempo, por vezes cruel. Dedico aos amigos/as da Rede de Educação Cidadã (RECID) e aos/ás filósofos/as dos bares da vida. A arte, a cultura, as tradições, o convívio, são maneiras de compartilhamento da vida e superação de limites. Ótima sensação estranha de negação ao só nas utopias...





Manifiesto
(Victor Jara)

Yo no canto por cantar 
ni por tener buena voz, 
canto porque la guitarra 
tiene sentido y razón. 

Tiene corazón de tierra 
y alas de palomita, 
es como el agua bendita 
santigua glorias y penas. 

Aquí se encajó mi canto 
como dijera Violeta 
guitarra trabajadora 
con olor a primavera. 

Que no es guitarra de ricos 
ni cosa que se parezca 
mi canto es de los andamios 
para alcanzar las estrellas, 
que el canto tiene sentido 
cuando palpita en las venas 
del que morirá cantando 
las verdades verdaderas, 
no las lisonjas fugaces 
ni las famas extranjeras 
sino el canto de una lonja 
hasta el fondo de la tierra. 

Ahí donde llega todo 
y donde todo comienza 
canto que ha sido valiente 
siempre será canción nueva. 


PS - Soaria sacanagem pôr a letra de Imagine, né?!?!

sábado, janeiro 28, 2012

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Arlequim Rock'n'Roll Band - Fantoches

Eis um registro da apresentação do Arlequim Rock'n'Roll Band em Sousa, sábado último. É um trabalho autoral da banda, de composição do Paccelli Gurgel (in memoriam). Será integrante do disco que doravante pretendemos realizar. CONGRATULAÇÕES AO CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE PELA CONSOLIDAÇÃO DO ROCK CORDEL.


Mais vídeos no canal da banda no YouTube.





Fantoches
(Paccelli Gurgel)

O circo já armou o picadeiro
No meio de um terreno baldio
Perdido num país tropical
No oriente da América do Sul


O povo já arrumou um trocado
Pra assistir um tanto quanto apático
Um espetáculo bizarro
O retrato mal revelado de sua vida comum


Sorria, gargalhe
Pois ali na lona verde-e-amarela o palhaço sou eu
Ali na lona verde-e-amarela o palhaço é você


Respeitável público
Trouxeram seus títulos eleitorais?
Somos a solução inequívoca para seus problemas
Temos aqui a tinta perfeita para seu rosto, afinal...


Ali na lona verde-e-amarela o palhaço é você
Ali na lona verde-e-amarela o babaca é você


Mas não se preocupe se amanhã não pintar o que comer
Eu largo meu iate pra ver o que é que posso fazer
Vou criar uma ONG
Vou abrir uma igreja
Tenho aqui a crença certa e certeira
Espere pra ver


Ali na lona verde-e-amarela  o bobão é você
Ali na lona verde-e-amarela  o palhaço é você


Ali na lona verde-e-amarela o bobão é você
Ali na lona verde-e-amarela o palhaço é você

terça-feira, janeiro 24, 2012

Quem sabe (?) do que depende?




Mapas do Acaso
(Humberto Gessinger)

não peça perdão, a culpa não é sua
estamos no mesmo barco e ele ainda flutua
não perca a razão, ela já não é sua
onda após onda, o barco ainda flutua
ao sabor do acaso
apesar dos pesares
ao sabor do acaso... flutua

então, preste atenção: o mar não ensina, insinua
estamos no mesmo barco, sob a mesma lua
no mar, em marte, em qualquer parte
estaremos sempre sob a mesma lua
ao sabor da corrente
tão fortes quanto o elo mais fraco
ao sabor da corrente... sob a mesma lua

âncora, vela
?qual me leva?
?qual me prende?
mapas e bússola
sorte e acaso
?quem sabe (?) do que depende?

sábado, janeiro 21, 2012

Fé cega e pé atrás


Essa vai para quem ainda teima em dizer da imparcialidade, da igualdade de condições e que não há privilégios na mídia, que ela não está a serviço do tal ninguém. Isso é pura ingenuidade de quem se arvora incólume. Se a Globo ou qualquer outro canal de massa rico e de grande presença em nossos lares se interessa na manutenção do status quo, tal ato se configura como ABSOLUTAMENTE COMPREENSÍVEL.

Quem mete o bedelho nas feridas da suposta democracia tupiniquim são tarjados de insanos, de viúvas da Guerra Fria. De fato alguns o são. Pero... Tudo é muito bem embrulhado, produzido, mas até as embalagens mais confeitadas (e grandes) precisam ser abertas.

Calma! Não me soa bem reproduzir o jogo político eleitoral. Isso é só um fato. Pronto. Aliás, não. AINDA continua sendo um fato. É só apertar o botão do rádio ou da TV...

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Humor... I



Dos tempos em que o humor não era tão levado à sério, de conteúdo significativo, longe dos "puristas impuros" de plantão... Muito bom!

quinta-feira, janeiro 12, 2012

E o Marcão parou...

Dizem que flamenguista vive de passado, mas o adjetivo tem combinado mais conosco, palmeirenses, que qualquer outra torcida dos chamados "times grandes". Um dos grandes ídolos da história palestrina pendurou suas luvas, o grande goleiro Marcos. Quem acompanhou as temporadas de 1999 e 2000 viu o que um só cara é capaz de fazer. Nesses tempos de futebol dinâmico, veloz e tático, a genialidade individual perdeu espaço. Claro que grandes jogadores aparecem. O Messi é foda, mas há um time muito foda jogando para o hermano. 

Enfim. O Marcos ganhou a simpatia de todo mundo por duas variantes. Primeiro por ter sido pentacampeão mundial. Segundo, e provavelmente o mais forte motivo, o Marcos sempre mostrou-se um cara sincero, honesto e inocentemente divertido. Ou seja, o status de um figuraça. Como em nuestra tierra o futebol é cultura enraizada, jogadores e pessoas envolvidas com o futebol ganham evidência, são estrelas. O Marcos, com toda essa hiper-ultra-valorização midiática, conseguiu trincar barreiras da falsidade mercadológica e mostrar sua cara verdadeira.


Meu singelo agradecimento palmeirense...


domingo, janeiro 08, 2012

Com a palavra (IV)... Odair José

Acabo de ver o programa Ensaio da TV Cultura. Desta feita, a participação ilustre é do Odair José. Esse rapaz fugia do lugar-comum dos cantores românticos e versatilizava sua proposta. Claro que a fama veio com aquelas clássicas roedeiras (que eu particularmente adoro). Possuem uma beleza artística e atingem em cheio naquilo que se propõem: bulir com nosso brio, hehe.

Mas o Odair carrega uma história superinteressante. Quem leu o ótimo "Eu não sou cachorro não: Música Popular Cafona e Ditadura Militar" sabe do que digo. Algumas de suas canções foram  censuradas pelo regime militar. O motivo? Um suposto envolvimento político com a resistência, e o conteúdo de suas músicas que "feriam" à padronização moral implantada. Nossa ditadura não era somente política, mas também moral. Havia um grande envolvimento do alto clero brasileiro com o governo, a despeito de próprios setores da Igreja estarem envolvidos com a resistência (a destaque para os seguidores da Teologia da Libertação). "Imagina o cara casar com uma puta???" (nas palavras do próprio). Ou falar em pílula anticoncepcional??? Não se podia falar no cotidiano das pessoas. E isso o Odair faz como poucos.

Com a palavra e o gogó...



PS¹ - O vídeo tem seis partes...

PS² - Não preciso dizer que o livro "Eu não sou cachorro não: Música Popular Cafona e Ditadura Militar" é recomendadíssimo.

"Você precisa ser louco..."

E pra coroar um final de semana demasiadamente musical... o fino do Progressivo.





Cães
Dogs
(Roger Waters)


Você precisa ser louco,
Você precisa ter um motivo de verdade
Você precisa dormir sobre seus dedos do pé
E quando você estiver na rua
Precisa ser capaz de escolher a carne fácil
Com os olhos fechados
E depois se movendo silenciosamente,
Contra o vento e escondido
Você tem que atacar no momento certo
Sem pensar.

E passado algum tempo
Você pode trabalhar em pontos por estilo
Como a gravata
E um firme aperto de mão
Um certo olhar nos olhos,
E um sorriso fácil
Você tem que passar confiança
Para as pessoas que você mente
Para que quando elas virarem as costas
Você tenha a chance de enfiar a faca

Você precisa manter um olho
Sempre olhando por cima do seu ombro
Você sabe que ficará cada vez mais difícil,
E mais dificil e mais difícil conforme vai envelhecendo
É, e no fim arrumará as malas e
Voará para o sul
Esconder sua cabeça na areia
Apenas outro velho triste e sozinho
Morrendo de câncer.

E quando você perder o controle,
Você colherá o que plantou
E à medida que o medo cresce,
O sangue ruim azeda e vira pedra
E é tarde demais para largar o peso
Que você costumava jogar por aí
Então se afogue,
Enquanto você vai afundando sozinho
Arrastado pra baixo pela pedra.

Eu tenho que admitir
Que estou um pouco confuso
As vezes me parece
Que estou sendo usado
Preciso ficar acordado, e tentar sacudir
Esse mal-estar rastejante
Se não estou pisando em meu próprio chão
Como poderei encontrar a saída deste labirinto?

Surdo, mudo e cego,
Você apenas continua fingindo
Que todos são dispensáveis
E ninguém teve um amigo de verdade
E parece que a solução
Seria isolar o vencedor
E tudo é feito sob o sol
E você acredita que lá no fundo todo mundo é um assassino

Que nasceu numa casa cheia de dor
Que foi treinado para não cuspir no ventilador
Que foi ordenado pelo homem a o que fazer
Que foi quebrado por pessoal treinado
Que estava usando colarinhos e correntes
Que levou um tapinha nas costas
Que andava fugindo da matilha
Que era apenas um estranho em casa
Que foi triturado no fim
Que foi encontrado morto ao telefone
Que foi arrastado pra baixo pela pedra

Que foi arrastado pra baixo pela pedra.

Entidades no Metal...



Normalmente escuto coisa antiga, mas...

sábado, janeiro 07, 2012

Um simples batuque de tamborim... por favor...

Muitos Dylans devem existir por aí. Azar o nosso que não tenhamos a graça de ver/ouvir seus lampejos. É de se lamentar... Pero, ainda bem que o gajo fornecedor deste adjetivo logrou seu lugar ao sol. Sorte nossa...



Senhor Tocador de Tamborim

Mr. Tambourine Man
(Bob Dylan)




Senhor Tocador de Tamborim
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.


Embora eu saiba que todo império retornou ao pó,
Varrido de minha mão,
Deixando-me cegamente aqui parado, mas ainda não dormindo.
Meu cansaço me espanta, estou plantado por meus pés,
Não tenho quem encontrar,
E a velha rua vazia está muito morta para sonhar.


Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.


Leve-me a uma viagem em sua mágica nave ressoante,
Meus sentidos foram arrancados, minhas mãos não podem segurar,
Meus pés estão muito dormentes para pisar, esperando apenas minhas botas
Para perambular.
Estou pronto para ir a qualquer lugar, estou pronto para desaparecer
Em minha própria parada, moldando sua dança a meu caminho,
Eu prometo segui-la.


Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.


Embora você possa ouvir-me rindo, girando, dançando loucamente através do sol.
Não está vendo ninguém, está só fugindo correndo,
Pois no céu não há cercas revestidas.
E se você ouvir traços vagos de rimas enroladas
Para o seu tamborim no momento, é apenas um rude palhaço atrás,
Eu não lhe pagaria mente alguma, é apenas a sua sombra,
Visto que está lhe perseguindo.


Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.


Então me faça desaparecer através dos anéis de fogo de minha mente,
Abaixo das ruínas nebulosas do tempo, passando ao longe das folhas congeladas,
O assombro, árvores assustadoras, para fora da praia ventosa,
Longe do alcance distorcido da tristeza insana.
Sim, para dançar sob o céu de diamantes com uma mão acenando livremente,
Em silhueta para o mar, circulado por areias circulares,
Com toda a memória e destino navegando profundamente abaixo das ondas,
Deixe-me esquecer do hoje até amanhã.


Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Não estou com sono e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.


quarta-feira, janeiro 04, 2012

E por falar em saudade...



Queria que Você Estivesse Aqui
Wish You Were Here
(Waters / Gilmour)


Então, então você acha que consegue distinguir
O céu do inferno
Céus azuis da dor
Você consegue distinguir um campo verde
de um frio trilho de aço?
Um sorriso de um véu?
Você acha que consegue distinguir?

Fizeram você trocar
Seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
Ar quente por uma brisa fria?
Conforto frio por mudança?
Você trocou
Uma pequena participação na guerra
Por um papel principal numa cela?

Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui