sexta-feira, dezembro 07, 2012

Seca... um desabafo de saco cheio


Todo ano é a mesma ladainha. Políticos, imprensa, sociedade, os tais clubes de serviço (?), todo mundo se lamentando pela situação de estiagem sofrida pela população que vive em nosso belo semiárido, o mais populoso do mundo. 

Engraçado que todo aquele pessoal de cima (clubes de serviço - ? -, etc) só lembra da população que realmente sofre com a seca agora e "esquecem" (ainda sou um otimista) que essa situação pouco ou nada tem a ver com a seca. Talvez pouco por conta da pouca chuva, óbvio. Mas a questão incrivelmente não é essa, nunca foi.

O problema é a FORMA, a MANEIRA como se adota as políticas voltadas ao/do semiárido. Quase tudo é planejado para encher os bolsos de meia-dúzia de empresários (potenciais investidores de campanhas eleitorais) em detrimento do interesse comum. Como é que diabos uma região que tem um açude que se vê a olho nu da lua, que é o Castanhão, afora os outros mais de 80 mil açudes do Nordeste não segurariam a onda da seca? No caso de quem mora no campo, tem-se uma porrada de experiências exitosas de CONVIVÊNCIA com o meio, de cisternas (que é o que está salvando o pessoal do campo), barragens subterrâneas, a banco comunitário de sementes.

Água tem, mas está concentrada para o deleite de alguns, ou seja, terreno fértil (trocadilho infame) para se dizer por aí que vamos morrer sem água e a culpa é do processo pluviométrico irregular.

"A intervenção governamental no Semi-árido brasileiro, em grande parte, tem sido orientada por três dimensões que se combinam no combate à seca e aos seus efeitos: a finalidade da exploração econômica; a visão fragmentada e tecnicista da realidade local; e o proveito político dos dois elementos anteriores em benefício das elites políticas e econômicas regionais."

Esse é o motivo digamos "mais forte". No dia que enxergarmos o semiárido como um balaio de limites e potencialidades,  resolveremos o problema dos efeitos da seca, visto que deuses não somos para acabá-la.

Colocar a culpa desse padecimento em um fenômeno natural (visto que deserto não somos) se trata de um atentado a qualquer mente que faz da utilização do cérebro um exercício cotidiano...

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