sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Pré-devaneio e blues...


(Se você não acionou o play, por favor o faça!)

Som que não suga a alma. Pelo contrário, a desnuda. Se tem algo que move o vetor interior-exterior esse algo é o BLUES. Na solidão das noites sem graça, sem o convívio do amor em suas mais diversas nuances, o blues acalanta a dor. Mesmo aqueles que se furtam do convívio social por pura opção (fenômeno que me foi apresentado há um tempo não ido), utilizam-se dele - do blues - para trazer seu mais profundo "eu" à companhia. Mergulhar em suas águas apresenta-nos o "eu" que, às vezes não conhecemos, às vezes mentimos que não.

O blues tradicional provoca isso talvez pela situação de negação ao todo exterior, característica de seu nicho social, seja nas fazendas de gado do Delta do Mississípi, ou na posterior Chicago suburbana, ambas situações de miséria material e histórica. Eram os "States" no início do século "xis-xis". Nada de mudança substancial. Os dias de hoje preconizam um seculorum, posto que situações psicossociais são agravadas com a radicalização do monstro sisti. Tudo isso é motivo de sobra ao baile da dor. Pero, não quero me ater ao vetor oposto, do exterior-interior. Isso vai num próximo post, dos walls que a vida nos impõe.

Tal apresentação de velhos amigos que o blues proporciona, do ser versão atual com seu interior é inspiradora. Por vezes perigosa, mas inspiradora. O bate-papo nem sempre é descontraído. Olhos são umedecidos a depender dos devaneios. As descobertas e suas reações podem não ser das mais auspiciosas. Gestos tresloucados até que pintam, uns suaves, outros nem tanto. É um momento necessário de hibernação, pelo menos pra mim. Pode parecer sinal de fraqueza ou coisa afim. Mesmo assim saio fortalecido d'alma. Me conhecer por dentro é pressuposto indispensável pra conhecer e agir lá fora. Os acordes e pentatônicas melodiosas, a repetição do quadrado no braço da guitarra (pode ser do violão, no problem), o feeling do bluesman, sua emoção posta à mesa... O conjunto disso é trilha sonora do diálogo anunciado. Melhor à caráter não poderia ser.

Estabelecendo a clara diferença entre loucura e "porra-louquice", um pouco daquela - da loucura - não faz mal a ninguém. E viva ao blues!

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