terça-feira, outubro 11, 2011

Com a Palavra (II)... Renato Russo

Comparado a muita gente (muitíssima, na verdade) nunca reservei muitas "oiças" ao trabalho do Renato. Sempre achei ter acumulado o suficiente pra discutir sobre ele e a Legião Urbana com amigos/as e colegas. Lembro que o que fiz de grande coisa (pra mim, claro) foi ler um livro, "Renato Russo de A à Z", com opiniões do gajo sobre uma diversidade de assuntos. Sua opinião sobre o disco Atom Heart Mother, do Pink Floyd, o famoso "disco da vaca", em que ele desce a lenha, me foi o bastante pra procurar outra coisa pra fazer. Passado um tempo, mais amadurecido, procurei entender essas e outras opiniões dele. Na realidade, mesmo compreendendo o contexto cultural do movimento Punk, da qual sempre dediquei respeito, no conceito e na forma musical, meio a qual nosso caro Manfredini fora forjado; exigi certo distanciamento intelectual por entender que ele, por questões próprias, iria além deste meio, na filosofia do "além", "mais adiante". Isso se comprova com seus discos em final de vida material. Outros sons, outras nuances e perspectivas.

Passado o tempo, mais "zen" sobre muita coisa, compreendi que fui precoce ao procurar entendê-lo. ELE TINHA COISA MAIS URGENTE PRA FAZER. Tinha um público sedento. O país vivia uma efervescência sócio-cultural e política. Aproveito pra deixar clara minha total discordância com aqueles que dizem que a década de 80 fora perdida. Muito pelo contrário. Foi quente, dinâmica, com reflexos bastante visíveis até hoje. Uns bons e outros ruins, óbvio. Mas voltando ao Renatovisk, ele, sem sombra de dúvidas, foi O POETA de sua geração, talvez por suas tais questões próprias, um cara de destacada formação intelectual em seu meio underground. Mas, creio que, junto ao intelecto e principalmente, sua ENORME SENSIBILIDADE do sentimento jovem. Os sentimentos, as angústias, as penúrias de um grupo social entregue às baratas, ao "que se foda" pelos proprietários do poder, em todos os âmbitos, da família ao Estado, perpassando pela divindade institucionalizada. Pergunte a qualquer jovem que imagina a vida além da Dança da Rã (e suas consequências imediatas da noite...) e verá que a idéia sobre o Renato será essa.

"Chovi no molhado". Seu trabalho fala por si só. Por isso, nada de entrevistas ou falações. Com a goela, passados 15 anos de sua repentina passagem por este plano... Renato Russo:





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